1.     Nome: Jorge Diogo Rodrigues e Sousa

2.     Idade: 29 anos

3.     Entidade: AISTS (International Academy of Sport Science and Technology)

4.     Função: Estudante do programa de Masters da AISTS em Lausana.

5.     O que o liga à Gestão do Desporto no seu dia-a-dia? Quais as principais tarefas? Até recentemente, colaborei com a Deloitte no seu departamento de Smart Cities. Porém, após cinco anos em consultoria, decidi que queria regressar às minhas raízes desportivas. Surgiu a oportunidade de ingressar no mestrado internacional da AISTS em Lausana – entretanto considerado pelo ranking da Eduniversal o melhor mestrado em gestão desportiva mundial – e agarrei-a sem olhar para trás. Estou certo que este será só o primeiro passo de uma longa carreira em gestão desportiva. Assim espero.

6.     Como surgiu o interesse pelo desporto e pela gestão do desporto? Desde uma tenra idade que passei por diversos desportos, nomeadamente futebol na Associação Naval 1.º de Maio, e remo e basquetebol no Ginásio Clube Figueirense. Sempre procurei uma carreira na área desportiva, o que me levou com 19 anos a estagiar no Jornal do Sporting Clube de Portugal e com 21 anos na Fundação Luís Figo. Diria que estou agora a retomar o caminho que sempre quis seguir em gestão do desporto.

7.     Na sua opinião, qual o principal desafio, ou desafios, que enfrenta atualmente relacionado com a sua atividade? O mercado não está parado, mas claramente arrefeceu. Obviamente que a pandemia colocou alguns obstáculos a quem procura integrar no mundo desportivo. Porém, Lausana é a Capital Olímpica, pelo que tenho acesso direto a diversas federações internacionais. É incrível a forma como podemos num momento estar a falar com uma pessoa da FIVB e no instante seguinte conhecer alguém do Comité Olímpico Internacional. Sinto que as federações – independentemente do tamanho – têm ainda alguns problemas de governance a trabalhar, portanto, mais que um desafio específico, creio que o mercado renascerá com diversas oportunidades de melhoria. De um modo geral, os problemas que vou identificando no mundo do desporto não diferem assim tanto dos desafios que me fui deparando em consultoria.

8.     Que fatores ou fator principal entende que o país deveria apostar para termos um desporto mais praticado? Quando estamos em Portugal, acabamos por não valorizar o que temos. Somos demasiado críticos de nós mesmos. Obviamente que nem tudo é perfeito, mas estando fora do país, ganhamos uma nova perspectiva. Os clubes portugueses são atípicos no mercado internacional. Não é comum um envolvimento tão grande em diferentes disciplinas. Os clubes de futebol internacionais, por norma, são isso mesmo: clubes de futebol. No máximo com uma ou duas modalidades de menor expressão associadas. Em Portugal não é assim. E ainda bem. É bom termos as grandes marcas portuguesas desportivas envolvidas. Agora, em 2020/21, entre futebol, futsal, voleibol, basquetebol, hóquei em patins e andebol, as federações perderam 172.991 jovens inscritos. Sabemos a principal causa. Falamos dela quase diariamente. Agora, da causa passemos às soluções. E de preferência auscultando não só os clubes e os orgãos competentes, mas igualmente os atletas.

9.     Quais as competências que considera serem essenciais para o Gestor de Desporto? Considero três competências base. Há uma componente política que é fundamental. Assumir uma posição conciliadora e mediadora, parece-me um princípio basilar no mundo desportivo.

Adicionalmente, gerir expectativas. As partes interessadas no mundo desportivo são extremamente heterogéneas e voláteis, e, em diversos casos, um Gestor de Desporto passa rapidamente de “herói a zero”. Um exemplo que ando atualmente a estudar é o caso da candidatura (falhada) de Sion a sede dos Jogos Olímpicos de Inverno em 2026: um projeto altamente viável, que esbarrou na incapacidade do comité organizador em explicar à comunidade os benefícios do evento.

Por fim, capacidade de adaptação num curto espaço de tempo. A indústria desportiva é uma roda viva e o que hoje é verdade amanhã é mentira. Tarefas surgem do dia para a noite. Ter passado cinco anos por consultoria ajuda bastante a gerir a pressão de entregar e de resolver problemas hoje que ontem nem sabíamos que existiam.

10.  Como acha que a APOGESD pode ser mais importante para a sua atividade? Uma sugestão para a APOGESD? A APOGESD é uma excelente oportunidade de conhecermos os “nossos”. De falarmos e discutirmos problemas e soluções de uma forma colaborativa e produtiva. Para estudantes de gestão desportiva é uma plataforma para nos apresentarmos. Para mostrarmos o nosso valor, apresentando as nossas ideias.

Uma sugestão para a APOGESD passa por aumentar ainda mais a sua presença junto dos jovens - estudantes e recém-formados na área - desafiando-os a partilhar, por exemplo, artigos de opinião ou estudos. A APOGESD pode desempenhar um papel importante na integração de novos Gestores de Desporto, ajudando-os a percecionar os problemas da indústria no país e, de certo modo, servindo de plataforma para a partilha de conhecimento entre gerações.

11.  Um livro: Shoe Dog: A Memoir by the Creator of Nike.

12.  Um filme: Icarus.

13.  Uma música: Ecstasy of Gold do Ennio Morricone.

14.  Um lugar: Praia da Figueira da Foz.

15.  Um passatempo: Discutir memórias futebolísticas.

16.  Uma personalidade: Phil Knight (co-fundador da Nike).

17.  Um momento: A final dos 100 metros de Atenas em 2004, com o “nosso” Obikwelu a chegar à prata.

18.  Um desporto: Futebol.

19.  Um evento desportivo: Campeonato do Mundo de Futebol.

20.  Uma desportista e um desportista: Ticha Penicheiro e Francis Obikwelu.