- Nome: Bruno Almeida
- Idade: 49
- Entidade: Universidade do Porto
- Função: Diretor do Centro de Desporto da
Universidade do Porto
- O que o liga à Gestão do Desporto no seu
dia-a-dia? Quais as principais tarefas?
O Centro de Desporto da U.Porto é responsável pela
gestão e manutenção de uma série de infraestruturas desportivas bem como pela
promoção da prática desportiva da comunidade da U.Porto, isto leva a que
diariamente tenhamos que estar atentos tanto ás questões da gestão de
instalações desportivas como de atividades desportivas . Felizmente a nossa
equipa de trabalho é fantástica e ao longo dos anos temos conseguido dotar os
nossos quadros de competências e “experiencias” que permitem que as tarefas
sejam distribuídas por todos. Como responsável desta equipa a minha tarefa está
por isso bastante mais facilitada e neste momento as minhas funções centram-se
sobretudo na coordenação das equipas de trabalho, desenvolvimento e planeamento
de projetos.
- Como surgiu o interesse pelo desporto e pela
gestão do desporto?
Desde que me lembro sempre tive muito interesse e
pratiquei desporto. Fui Ginasta no Sporting Clube de Portugal até aos 21 anos,
passei pela Orientação, Escalada e mais tarde Mergulho, ser Professor de
Educação Física sempre foi o meu sonho que concretizei em 1995 e lecionei
durante 14 anos. No entanto, durante a minha licenciatura na FADEUP, tive a
felicidade de me cruzar com algumas pessoas (neste momento grandes amigos) que
me desafiaram a entrar para a Associação de Estudantes, comecei nessa altura a
estar envolvido na organização de uma série de eventos e atividades desportivas
o que levou a que mais tarde me tornasse sócio de algumas empresas de
organização de eventos e atividades de exploração da natureza. A gestão do
Desporto passou por isso a fazer parte da minha vida e tornou-se uma paixão,
decidi apostar na minha formação, conclui o Mestrado de Gestão Desportiva e quando
em 2004 me endereçaram o convite para abraçar um projeto tão desafiante como o
que estou envolvido até agora não hesitei.
- Na sua opinião, qual o principal desafio, ou
desafios, que enfrenta atualmente relacionado com a sua atividade?
A incerteza a curto prazo do desenvolvimento desta
pandemia leva a que qualquer planeamento e previsão que se possa fazer na nossa
área seja posto em causa de um momento para o outro. É por isso imperioso que
as nossas equipas de trabalho estejam preparadas para dar uma resposta a estas
contrariedades e que acima de tudo tenham a capacidade de se reinventar e
reagir de imediato. A minha principal preocupação e desafio neste momento é que
a nossa equipa de trabalho se mantenha dinâmica unida e motivada para
continuara a “lutar” contar estas adversidades, é de facto muito importante que
através das nossas ações e propostas consigamos que os nossos utentes retornem
aos mesmo níveis de prática desportiva do período pré-COVID.
Neste momento, não é necessário que aumentemos os índices
de prática desportiva da nossa comunidade, basta que consigamos ter uma vida
normal como até março de 2020. ??
- Que fatores ou fator principal entende que o país
deveria apostar para termos um desporto mais praticado?
A aposta na base da formação desportiva é fundamental.
As nossas crianças, desde o pré-escolar, deveriam ter a possibilidade de
experimentar e desenvolver ao máximo as suas capacidades motoras é, na minha
opinião, imperioso que as crianças possam ter a oportunidade de praticar uma
série de modalidades e atividades desportivas, só assim podemos almejar a que
mais tarde a tão falada “cultura desportiva” possa realmente existir.
A criação de condições para que tal aconteça é outro
dos fatores essenciais para o sucesso deste modelo. Dever-se-ia, na minha opinião,
por isso intervir a dois níveis (i) Instalações desportivas e (ii) oferta
desportiva.
No que diz respeito ás (i) instalações desportivas
estas deveriam estar preparadas para receber os atletas e a prática desportiva
de Competição, mas em simultâneo terem condições para que a prática desportiva
regular e “desinteressada” possa também ocorrer, em relação à (ii) oferta
desportiva esta deveria ser enquadrada e direcionada para os interesses e
objetivos da maior parte dos praticantes e não apenas com o intuito de formar
“atletas” para a competição.
Entendo que só com o envolvimento de um grande número
de pessoas como praticantes de uma qualquer modalidade ou atividade desportiva
conseguiremos ganhar “peso” junto dos decisores políticos e desta forma
capacidade de intervir e influenciar na definição da estratégia para o futuro.
Mas este tem que ser um trabalho participado por todos
os agentes envolvidos no fenómeno desportivo (federações, associações, clubes,
Câmaras Municipais, COP, CDP, …), só com a interação de todas estas entidades
poderemos um dia ambicionar a traçar metas reais para o aumento da prática
desportiva em Portugal.
Parece-me por isso que as decisões ao nível da
estratégia e planeamento desportivo para Portugal deveriam ter uma abordagem
“Top-down” mas com o intuito de desenvolver o desporto assente num modelo
sustentado de “Bottow-up”.
- Quais as competências que considera serem
essenciais para o Gestor de Desporto?
Profissionalismo e visão, mas acima de tudo que se
preocupe e desenvolva todos os seus esforços na gestão da sua equipa de
trabalho (Recursos Humanos)
- Como acha que a APOGESD pode ser mais importante
para a sua atividade? Uma sugestão para a APOGESD?
A APOGESD pela diversidade dos seus membros pode
constituir-se como uma excelente plataforma para o conhecimento de Boas
práticas e troca de experiências nesta área tão vasta da Gestão Desportiva.
Tornar-se cada vez mais ativa e uma referência na
Gestão Desportiva em Portugal potenciando a disseminação de projetos de sucesso
desenvolvidos em Portugal através da organização de eventos e formações para os
seus membros.
- Um livro: “Papillon”, de Henri Charrière.
- Um filme: Dois que me marcaram particularmente: “O
nome da Rosa” e “À Procura da Felicidade”.
- Uma música: A música sempre fez parte da minha vida e
oiço todos os géneros musicais, apesar de não ter nenhum disco ou música
de referência gosto particularmente de música portuguesa e brasileira. A
nível internacional destaco os The Cult, Simple Minds ou U2.
- Um Lugar: Portugal (sempre)
- Um passatempo: Estar “apenas” com os amigos/família
- Uma personalidade: tenho que enunciar
três: João Paulo II, Tenzin Gyatso (14º Dalai Lama) e Nelson Mandela e…
cada vez mais o Papa Francisco
- Um momento: O nascimento dos meus filhos
- Um desporto: Mergulho amador
- Um evento desportivo: Mundial
Universitário de Rugby Sevens de 2010 organizado pela U.Porto
- Uma desportista e um desportista: Simone Biles e
Michael Jordan